Em 1964, Mazzilli assumiu após golpe contra Jango, legitimando a transição para a ditadura militar.
2 de Abril, um novo presidente para o Brasil
A deposição de João Goulart, conhecido como Jango, em 1º de abril de 1964, foi o ápice de uma crise política que se arrastava desde o início de seu governo em 1961. Jango, herdeiro político de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, enfrentava forte oposição de setores conservadores, militares e da classe média, que o acusavam de promover medidas comunistas e de desestabilizar o país. Seu governo foi marcado por reformas de base, como a agrária e a educacional, que alarmaram as elites e os Estados Unidos, em pleno contexto da Guerra Fria.
O golpe militar que derrubou Jango foi articulado por generais como Humberto Castelo Branco, com apoio de governadores como Carlos Lacerda e Ademar de Barros, além de setores da mídia e da sociedade civil. Em 31 de março de 1964, tropas militares saíram de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro, então capital federal, para depor o presidente. Sem apoio político ou militar suficiente, Jango deixou o país no dia 1º de abril, refugiando-se no Uruguai.
Com a vacância do cargo, a linha sucessória prevista na Constituição de 1946 foi acionada. Como vice-presidente, João Goulart havia assumido após a renúncia de Jânio Quadros em 1961, e o cargo de vice estava vago. Assim, a presidência deveria ser assumida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, que já havia ocupado interinamente o cargo em 1961 durante a crise da renúncia de Jânio.
Ranieri Mazzilli, um político paulista do PSD (Partido Social Democrático), era visto como uma figura moderada e transitória, aceitável tanto para os golpistas quanto para setores que ainda resistiam ao rompimento total da ordem constitucional. Em 2 de abril de 1964, ele assumiu formalmente a presidência, mas seu governo duraria apenas 14 dias, até a posse do marechal Humberto Castelo Branco, eleito indiretamente pelo Congresso sob pressão militar.
O primeiro ato de Mazzilli como presidente foi simbólico e estratégico: ele assinou um manifesto à nação, lido pelo rádio, no qual afirmava que o governo estava comprometido com a "legalidade e a democracia", mas também com a "restauração da ordem". O texto, redigido com influência dos militares, buscava acalmar a população enquanto consolidava a transição para o regime que se iniciava.
Apesar de sua breve passagem pelo poder, Mazzilli não tinha autonomia real. Seu governo foi um interlúdio controlado pelos militares, que já preparavam a eleição indireta de Castelo Branco e a instauração do regime autoritário. Enquanto isso, cassações de mandatos, prisões de opositores e censura à imprensa começavam a se intensificar.
Mazzilli, mais tarde, seria lembrado como uma figura de transição, um civil que serviu de fachada para a consolidação do golpe. Em 1964, ele não resistiu aos militares, tampouco tentou defender a constitucionalidade ameaçada. Seu papel foi o de legitimar, ainda que passivamente, a tomada de poder pelas Forças Armadas.
Com a posse de Castelo Branco em 15 de abril de 1964, iniciou-se oficialmente a ditadura militar, que duraria 21 anos. Mazzilli retornou à Câmara dos Deputados, onde permaneceu até o fim de seu mandato, sem nunca mais ocupar um papel de destaque na política nacional. Sua curta presidência ficou marcada como o momento em que o Brasil deixou a frágil democracia do pós-1946 para entrar em um longo período de autoritarismo.
Outros fatos históricos que aconteceram no dia 1º de Abril
1513 - Juan de Ponce, explorador espanhol, desembarca na Flórida.
1860 - O primeiro parlamento italiano se reúne em Turim.
1872 - Samuel F.B. Morse, que desenvolveu o telégrafo elétrico, morre em Nova Iorque.
1889 - Charles Hall patenteia o alumínio.
1917 - O Presidente Woodrow Wilson pede permissão ao Congresso norte-americano para que os Estados Unidos declarem guerra à Alemanha, assim iniciando a sua participação na Primeira Guerra Mundial.
1944 - Durante a Segunda Guerra Mundial, o exército russo invade a Romênia.
1982 - Começa a Guerra das Malvinas entre a Argentina e a Inglaterra. Argentina invade a ilha, que havia sido tomada pela Inglaterra 150 anos antes.
1991 - É criada, no Brasil, a CPI da Corrupção da Previdência.